terça-feira, 8 de março de 2011

Erros cartográficos

Erros cartográficos


Os mapas congestionam nossas retinas. Os meios para fazê-los atualmente estão acessíveis a muitas pessoas, e não somente aos profissionais cartógrafos. Todas as redações de jornal, revista e televisão têm meios para produzir mapas automáticos e inéditos, com rapidez. A incrível disponibilidade de dados estatísticos é um outro fator que favorece a produção constante de mapas. Assim, não há jornal, revista ou televisão que não apresente aos olhos de seus leitores e telespectadores, diariamente, mapas, mapas, mapas... tudo isso sem contar a Internet!
Diante dessa realidade vale uma afirmação provocativa: um exame detido vai constatar que a grande maioria dos mapas publicados contém erros cartográficos sérios. Ou geram visões problemáticas, ou pouco transmitem. E isso é esperado, visto que essa “inundação de mapas” tem como protagonistas um número muito grande de pessoas que entendem do programa de computador que faz o mapa, mas não conhecem a linguagem gráfica e a Cartografia. Algo que também ocorre até entre os formados nas áreas afins (Geografia, por exemplo).
Um exemplo singelo: para mostrarmos a distribuição geográfica de um fenômeno, digamos, a alfabetização, vamos usar índices de alfabetização por município no Estado de São Paulo. É razoável introduzir a informação no mapa preenchendo cada município com tonalidades de uma mesma cor (da mais escura para a mais clara). A mais escuras os maiores indíces e as menores taxas com tonalidades mais claras. Quando vemos um mapa que usa tonalidades da mesma cor, sem parar para pensar, nossa percepção indica que a tonalidade mais escura (mais pigmentação) representa a maior intensidade do fenômeno, e a tonalidade mais clara, a quase ausência. Caso isso seja invertido, ou então, escolhidos cores diferentes e arbitrárias, haverá uma confusão na nossa percepção, pois o que teremos diante dos nossos olhos será uma falsa imagem: um erro cartográfico. Observe o mapa abaixo:

O mapa representa um único fenômeno: o indíce de população infantil no montante da população de cada país. Várias cores foram empregadas. Em termos visuais várias cores, vários fenômenos. Porém, trata-se de um único fenômeno cuja representação, segundo os melhores príncipios da liguagem gráfica, deve-se dar o interior de única cor, por meio de tonalidades. Desse modo o mapa formaria imagem e não algo caótico como o mapa acima, só decifrável com o emprego da legenda. A liguagem gráfica, nesse caso do mapa, não basta por si só. Trata-se de um erro cartográfico comum, mas que deve ser banido.


Fonte: http://jaimeoliva.blogspot.com

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